Recovery e saúde mental: uma revisão da literatura latinoamericana

Recovery and mental health: a review of the Latin American literature

Contenido principal del artículo

Walter Ferreira de Oliveira
Aquino Paulo Renato Pinto de
Ana Cidade
Sara Letícia Bessa
Eduarda Bess
Resumen

A abordagem Recovery emergiu nos anos 1970 nos Estados Unidos a partir dos movimentos em defesa dos direitos dos usuários dos serviços de saúde mental, ex-pacientes ou sobreviventes da psiquiatria. A partir da década de 2000 recovery vem orientando serviços de saúde mental em diversos países e muitos acreditam que possa contribuir com os processos de reforma do modelo de atenção em saúde mental em todo o mundo. No campo acadêmico, um número de publicações vem analisando as formas diversas de aplicação da abordagem em níveis nacionais e internacional. O objetivo desta revisão integrativa, realizada em 2019, foi analisar como a abordagem recovery vem sendo tratada na literatura científica na América Latina. A análise gerou categorias temáticas desvelando os principais assuntos abordados nestas publicações, entre eles discussões sobre terminologia, conceito de recovery, práticas, políticas e serviços orientados por recovery e possibilidades da incorporação da abordagem no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira que, apesar dos obstáculos, ainda pode ser considerada como orientadora da Política Nacional de Saúde Mental no Brasil. A revisão aponta que o número de publicações sobre recovery na América Latina é escasso, comparado com o número de publicações nos Estados Unidos, Canadá, Hong Kong, Europa e Oceania, e são oriundas principalmente do Brasil. Percebe-se, ainda, que os autores brasileiros, em geral, entendem que recovery pode representar uma importante contribuição ao avanço da Reforma Psiquiátrica Brasileira e alguns defendem a necessidade de cautela sobre a incorporação da abordagem sem uma devida adaptação ao contexto social, cultural e econômico local. Também foi apontado que recovery tem sido aplicado em outros contextos sociais. 

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Referencias

Amarante, P.D.C & Oliveira, W.F. (2004) A inclusão da saúde mental no SUS: pequena análise cronológica do movimento da reforma psiquiátrica e perspectivas de integração. Dynamis Revista Tecno-Científica, 12(47): 5-21. Blumenau: Edifurb. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4063/406341765011.pdf

Anthony, W. A. (1993) Recovery from mental illness: The guidingvisionofthe mental healthservice system in the 1990s. PsychosocialRehabilitation Journal;16(4), 11– 23.Disponível em: https://doi.org/10.1037/h0095655 DOI: https://doi.org/10.1037/h0095655

Baccari, I.O.P., Campos, R.T.O & Stefanello, S.(2015) Recovery: revisão sistemática de um conceito - Ciência & Saúde Coletiva, 20(1), 125-36. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413- 81232015000100125&script=sci_abstract&tlng=pt DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232014201.04662013

Bezerra Jr, B. (2007) Desafios da reforma psiquiátrica no Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 17(2), 243-50. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/physis/v17n2/v17n2a02.pdf DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-73312007000200002

Broome, M.E. (2000) Integrative literature reviews for the development of concepts. In: Rodgers BL, Knafl KA, eds. Concept development in nursing: foundations, techniques and applications. Philadelphia (USA): W.B Saunders, p.231-50. Disponvível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080- 62342014000200335

Cooper, H. M. (1982). Scientific Guidelines for conducting integrative research reviews. Review of Educational Research, 52(2), 291-302. Disponível em: http://dx.doi.org/10.3102/00346543052002291 DOI: https://doi.org/10.3102/00346543052002291

Correia, P. R., & Torrenté, M. de O. N. de. (2016). Efeitos terapêuticos da produção artística para a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais: uma revisão sistemática da literatura. Cadernos Saúde Coletiva, 24(4), 487–495. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414- 462X2016000400487&script=sci_abstract&tlng=pt DOI: https://doi.org/10.1590/1414-462x201600040211

Costa, M.N. (2017) Recovery como estratégia para avançar a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21); 1-16. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69532

Costa, E.S. & Noal, M.H.O. (2017) O Papel do Projeto Comunidade de Fala no empoderamento e recovery de usuários dos serviços de saúde mental. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 199-211. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69545

Dahl, C.M.; Souza, F.M.; Cavalcanti, M.T. (2017) Suporte interpares no contexto de uma pesquisa clínica: dificuldades, facilitadores e experiências significativas no processo de trabalho. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 179-198. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69544

Davidson, L.; Bellamy, C.; Guy, K & Miller, R. (2012). Peer support among persons with severe mental illnesses: a review of evidence and experience. World Psychiatry, 11(2), 123-28. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22654945/ DOI: https://doi.org/10.1016/j.wpsyc.2012.05.009

Davidson, L.; O’Connell, M.J.; Tondora, J.; Lawless, M & Evans, A. C. (2005) Recovery in serious mental illness: A new wine or just a new bottle? Professional Psychology: Research and Practice, 36(5), 480. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0735-7028.36.5.480 DOI: https://doi.org/10.1037/0735-7028.36.5.480

Davidson, L.&Rowe, D. (2007) Recovery from versus recovery in serious mental illness: One strategy for lessening confusion plaguing recovery. Journal of Mental Health, 16(4), 459-470. Disponível em: https://doi.org/10.1080/09638230701482394 DOI: https://doi.org/10.1080/09638230701482394

Davidson, L; Strauss, J. S. (1992) Sense of self in recovery from severe mental illness. British Journal of Medical Psychology, 65(2), 131-45. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1633118/ DOI: https://doi.org/10.1111/j.2044-8341.1992.tb01693.x

Dolson, M. (2005) The role of dialogue, otherness and the construction of Insight in psychosis: toward a socio-dialogic model. Journal of Phenomenological Psychology, 36(1): 75-112. Disponível em: DOI: https://doi.org/10.1163/1569162054390289 DOI: https://doi.org/10.1163/1569162054390289

Evans, D.; Pearson, A. (2001) Systematic reviews: gatekeepers of nursing knowledge. Journal of Clinical Nursing, 10: 593–599. DOI: https://doi.org/10.1046/j.1365-2702.2001.00517.x

Farkas, M., Gagne, C., Anthony, W., &Chamberlin, J. (2005). A implementação de programas orientados para o recovery: domínios cruciais. In: ORNELAS, J. et al. Participação e empowerment das pessoas com doença mental e seus familiares. Lisboa: AEIPS. pp.19-44. Disponível em: http://www.aeips.pt/o-que-fazemos/.

Grigolo, T.M.; Alvim, S.; Chassot, C.S.& Silva, V.V.S. (2017) Plano de Ação Para Bem-Estar e Recovery: Experimentando o "WRAP" no Brasil. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 300-320. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69552

Harding, C.M; Brooks, G.W; Ashikaga T; Strauss J.S &Breier A. (1987) The Vermont longitudinal study of persons with severe mental illness I: Methodology study sample and overall status 32 years later. Am J ofPsychiatry, 144: 6. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3591991/ DOI: https://doi.org/10.1176/ajp.144.6.718

Hogan, MF. (2003) The President's New Freedom Commission on Mental Health: Transforming Mental Health Care. Cap. UL Rev. 54: 1467-1474. Disponível em: https://doi.org/10.1176/appi.ps.54.11.1467 DOI: https://doi.org/10.1176/appi.ps.54.11.1467

Jackson, G..(1980) Methods for integrative reviews. Review of Educational Research, 50, 438-460. DOI: https://doi.org/10.3102/00346543050003438

Jorge-Monteiro, F. & Matias, J. (2007). Atitudes face ao recovery na doença mental em utilizadores e profissionais de uma organização comunitária: Uma ajuda na planificação de intervenções efectivas? Análise Psicológica, 25(1), 111-125. Disponível em: DOI: https://doi.org/10.14417/ap.433

http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870- 82312007000100009&lng=pt&tlng=pt.

Kirmayer, L. J., & Corin, E. (1998). Inside knowledge: Cultural constructions of insight in psychosis. In: X. F. Amador & A. S. David (Eds.), Insight and psychosis (p. 193–220). Oxford University Press. Disponível em https://psycnet.apa.org/record/1998-07370-010

Leff, J., Sartorius, N; Jablensky, A, Korten, A & Ernberg, G. (1992) The International Pilot Study of Schizophrenia: five-year follow-up findings. Psychological medicine, 22(1): 131-45. Disponível em:https://doi.org/10.1017/S0033291700032797 DOI: https://doi.org/10.1017/S0033291700032797

Lopes, TS., Dahl, CM., Serpa Jr, OD; Leal, EM; Campos, RTO & Diaz, AG. (2012) O processo de restabelecimento na perspectiva de pessoas com diagnóstico de transtornos do espectro esquizofrênico e de psiquiatras na rede pública de atenção psicossocial. Saúde e Sociedade, 21(3), 558–71. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104- 12902012000300004&script=sci_abstract&tlng=pt DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12902012000300004

Lysaker, P. et al. (2002) Insight and Personal Narratives of Illness in Schizophrenia. Psychiatry: Interpersonal and Biological Processes, 65(3): 197-206. Disponível em: https://doi.org/10.1521/psyc.65.3.197.20174 DOI: https://doi.org/10.1521/psyc.65.3.197.20174

Martinhago, F & Oliveira, WF. (2015). (Des)institucionalização: a percepção dos profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial. Saúde e Sociedade, 24(4): 1272-84. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104- 12902015000401273&script=sci_arttext&tlng=pt DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12902015136741

Mezzina, R. (2014) Subjectivity and institutions: from Franco Basaglia to recovery. Disponível em: http://www.imhcn.org/wp-content/uploads/2015/02/From- Basaglia-torecovery-paper-2.pdf

Nascimento, N.S.; Nogueira, A. & Lira, L.M. et al.(2017) Grupo de trabalho recovery: um olhar para si. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): p.271-81. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69550

Oliveira, W. F. (2017) Recovery: O desvelar da práxis e a construção de propostas para aplicação no contexto da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21):, 321-30. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69553

Oliveira, WF; Padilha, CS. & Oliveira, CM. (2011). Um breve histórico do movimento pela reforma psiquiátrica no Brasil contextualizando o conceito de desinstitucionalização. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, 35(91):, 587- 96. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4063/406341765011.pdf

Onocko-Campos, R.T., Passos, E., Palombini, A.L.; Santos, D.V.D., Stefannelo, S., Gonçalves, L.L.M., Maggi, P.M.& Borges, L.R.A. (2013). Gestão autônoma da medicação: uma intervenção analisadora de serviços em saúde mental. Ciência & Saúde Coletiva, 18:2889-98. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 81232013001000013 DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232013001000013

Pereira, M.B. & Leal, E.M. (2017). Insight na perspectiva de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia em tratamento em centros de atenção psicossocial. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 229-49. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69548

Ricci, E.C. (2017). Entre serviços e experiências de adoecimento: narrativas e possibilidades de recovery em saúde mental. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 212-28. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69547

Rowe, M &Pelletier, JF (2012). Citizenship: a response tomarginalizationofpeoplewith mental illnesses, J. of Forensic Psychology Practice, 12(4): 366-81. Disponível em: https://doi.org/10.1080/15228932.2012.697423 DOI: https://doi.org/10.1080/15228932.2012.697423

Rowe, M; Benedic, P; Sells, D; Dinzeo, T; Garvin, C; Schwab, L; Baranoski, M; Girard, V & Bellamy, C. (2009). Citizenship, community, and recovery: a group- andpeer-basedintervention for persons with co-occurring disorder sand criminal justice histories. J. of Groups in Addiction & Recovery, 4(4): 224-44. Disponível em: https://doi.org/10.1080/15560350903340874 DOI: https://doi.org/10.1080/15560350903340874

SAMHSA (2006) Substance Abuse and Mental Health Services Administration. National consensus statementon mental health recovery. Disponível em www.samhsa.govAcessoem: 25/10/2020.

Saravanan, B. et al. (2004) Culture and Insight revisited. British Journal of Psychiatry, 184(2): 107-9. Disponível em: https://doi.org/10.1192/bjp.184.2.107 DOI: https://doi.org/10.1192/bjp.184.2.107

Serpa, JR., O.D.; Leal, E.M. & Delgado, P.G.G. et al. (2017). Relatos de experiências em Recovery: usuários como tutores, familiares como cuidadores/pesquisadores e efeitos destas práticas em docentes e pesquisadores em saúde mental. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 250-70. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69549

Silveira, A.R; Almeida, A.P.S. & Souza, C.L. et al. (2017). Recovery e experiência brasileira na atenção psicossocial: diálogos e aproximações. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 17-30. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69533

Surgeon General. U.S. (1999). Mental health: A report o fthe surgeon general. Rockville, MD: US Department of Health and Human Services. Substance Abuse and Mental Health Services Administration, Center for Mental Health Services, NationalInstitutesof Health, NationalInstituteof Mental Health.

Tranulis, C.; Corin, E.; Kirmayer, L. (2008). Insight and Psychosis: Comparing the perspectives of patient, entourage and clinician. International Journal of Social Psychiatry, 54(3): 225-41. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0020764008088860 DOI: https://doi.org/10.1177/0020764008088860

Vasconcelos, E.M. (2017). As abordagens anglo-saxônicas de empoderamento e recovery (recuperação, restabelecimento) em saúde mental I: uma apresentação histórica conceitual para o leitor brasileiro. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 31-47. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69535

Vasconcelos, E.M. (2017). As Abordagens anglo-saxônicas de empoderamento e recovery (recuperação, restabelecimento) em saúde mental II: uma avaliação crítica para uma apropriação criteriosa no cenário brasileiro. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 48-65. Disponível em:https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69535

Venturini, E. & Goulart, M.S.B. (2017). Recovery: ambiguidades e confrontações. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Florianópolis, 9(21): 289-99. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69551

Weingarten, R. & Restrepo-Toro, M. E. (2012). Narrativas de recuperação: ‘veja onde cheguei’. Cad. Saúde Coletiva [online], 20(4): 448-52. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/cadsc/v20n4/v20n4a07.pdf DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-462X2012000400007

World Health Organization (2013). Mental Health Action Plan 2013-2020. Genebra, Suiça: WHO Documen tProduction Services. https://www.who.int/publications/i/item/9789241506021

Citaciones