As implicações do brincar no desenvolvimento da subjetividade do bebê

Resumo

Este estudo faz parte de uma pesquisa de mestrado, com base na abordagem teórica da Subjetividade na Perspectiva Histórico-Cultural, em que o objetivo é relacionar a brincadeira do bebê com o surgimento de suas primeiras manifestações subjetivas. Buscamos compreender como o bebê produz sentidos subjetivos no jogo característico do trabalho pedagógico com crianças de 0 a 3 anos. Nestes momentos, a comunicação mediadora expressa na inter-relação adulto-bebê é significativa e repleta de possibilidades para mobilizar a condição do bebê como sujeito participante, o que favorece o seu desenvolvimento subjetivo. Essa compreensão permite superar a dicotomia entre cuidar e educar, tão característica da fragmentação do trabalho com essa população, pois se considera que, a partir dela, esse binômio que regulamenta o trabalho na creche pode ser exercido como uma unidade nas diferentes atividades e estratégias pedagógicas do jogo. O texto apresenta conceitos da Teoria da Subjetividade, e também, considera a relação entre o bebê e o diálogo atento e aberto em suas múltiplas expressões na prática educativa, onde o conceito de desenvolvimento subjetivo se torna central. Com base na Epistemologia Qualitativa, da qual deriva a Metodologia Construtiva-Interpretativa, destacamos reflexões sobre as formas singulares como os bebês brincam a partir da música. Nesta pesquisa, o jogo constituiu-se simultaneamente como atividade pedagógica e instrumento de pesquisa e foi fortemente marcado pela música produzida pela pesquisadora com seu violão. O estudo indica a forma como a brincadeira pode promover emergências e/ou mudanças no desenvolvimento subjetivo das crianças. Por fim, são propostos princípios que articulam essas construções interpretativas com possibilidades de trabalho pedagógico nos ambientes coletivos das creches.